terça-feira, 3 de junho de 2008

Um Coro

Minha cabeça dói. Reviro meus pensamentos para saber o porque. Minha cabeça dói mais ainda. Sensação estranha. A cabeça se uniu com as pernas rosto e boca e resolveram me incomodar. O que estão denunciando? Sempre meu corpo denúncia alguma coisa, mas nunca em conjunto. Ora são as pernas, ora os olhos, ora o cérebro, ora as lágrimas, ora o intestino, mas nunca fizeram um motim contra mim. Hoje resolveram se unir. Os olhos estão fundos como uma poça seca, a boca abriga vários insetos que mordem, as bochechas gorduchas revelam muito sangue e brincam de roda, as mãos não abrigam mais contornos e carregam um peso. As pernas, se entenderam com os pés e tornozelo e cantam uma serenata fúnebre. A barriga, a querida barriga que nunca se expressou agora é a que alcança a nota mais aguda, "e estica e puxa e viva a festa da puta". O cérebro, este o dono da verdade, não para mais um segundo, não relaxa parecendo um despertador descontrolado que nao tem o a chave para desligar. Ele não pára e com ele vem todos os fantasmas do passado. Quem disse que fantasmas não existem??? Eles existem e estão aqui, no meu cérebro, voando no passado, nos amores quebrados, nos amigos perdidos, nas mudanças impostas. Eles voâm e abrem todos os arquivos, os mais secretos, os mais temidos. Eles levantam a vida de criança querida, de adolescente religiosa, de esposa imaculada, da profissional bem sucedida e da transformação agora conferida. Eles zunem no meu ouvido como um pai que estufa o peito para acusar o filho e destilam todos suas notas desonantes golpeando meu corpo cansado e atestando que agora você está perdida. Será? Sensação estranha esta hoje!

D.N.A
03/06/2008
05:02 a.m

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