Um livro que caiu na graça de muita gente, principalmente do público feminino adulto. O motivo, cada cabeça poderá responder a esta sentença, mas,
arrisco que seriam intermináveis as razões que fizeram e ainda fazem um grande número feminino se dispor a ler 455 páginas da primeira série da trilogia de E L JAMES. A trilogia abre com o primeiro livro, “Cinquenta Tons de Cinza” (455 paginas), depois continua com “Cinquenta Tons mais Escuros”, (485 páginas) e encerra com “Cinquenta Tons de Liberdade”, (543 páginas). Os livros tem letras pequenas e, pasmem, sem figuras! A trilogia conta história de um romance entre uma jovem, tímida, inocente e ingênua, sem experiências sexuais anteriores, estudante de literatura, Anastácia Steele, e um jovem LINDO, BILIONÁRIO, ambicioso, possessivo, DOMINADOR, atormentado por um passado monstruoso e consumido pela necessidade de controle em tudo que faz Christian Grey. Um “romance ás avessas” que tem como contraponto o ato sexual: fazer AMOR, sexo baunilha, e, fazer SEXO, relação entre dominador e submissa.
Em uma primeira leitura, talvez, poderia resumir como sendo uma trilogia machista, erótica. Bem, se fosse só isso, não teria atraído o público feminino adulto, e fatalmente seria mais fácil ligar um canal erótico ao invés de se dispor a ler tantas páginas sem figuras. Mas não se trata de um livro erótico, e sim um livro que permeia o subconsciente feminino. Um livro contado pelo ponto de vista feminino (PERSONAGEM ANASTACIA) que permite a quem lê imergir num mar de sensações, estímulos e sentimentos contraditórios permitidos e proibidos. O leitor entra num romance de amor e ódio, desejos, fantasias, medo, NOVIDADE, alegria e tristeza, pecados, dinheiro, poder, instintos de maternidade, sobrevivência e salvação. Tudo isso é acessado e posto a flor da pele em cada leitor que se delicia ou se escandaliza em cada capítulo. Diz à lenda que a mulher sonha com seu príncipe encantando, LINDO, RICO, CHARMOSO, perfeito, que leves flores e bombons, que faça amor e não sexo, que seja extremamente arrumado e limpo igual aos contos de fada... ECA!!! NADA DISSO. Isso é lenda, ou melhor, histórias para contar as nossas filhas com base de lição de moral e bons costumes. A mulher de hoje talvez seja um pouco diferente. Talvez não queira mais esse príncipe pamonha, loiro de olhos azuis e que é um fracasso na cama, nos negócios, nos relacionamentos sociais. . È esse, TALVEZ, o motivo do sucesso do livro. Uma VERSÃO MAIS Christian Grey, ATUALIZADA DO HOMEM PARA MULHER. Um GOSTOSÃO, lindo de morrer, RICO PRA “caralho”, às vezes grosso e outras vezes um “cavalheiro”, que não coloca o universo capitalista acima de sua AMADA MULHER AMANTE AMIGA, mas ao mesmo tempo um homem apaixonado pela mulher, que morre de medo de perdê-la e que precisa de salvação para lidar com o seu passado. Isso fascina uma mulher. Ela se senti útil. A necessidade de salvação. Seu instinto investigativo e materno é aguçado as últimas. Isso [e fascinante e excitante. Claro que não é só isso senão o homem vira só amigo! A versão Christian Grey é também de um homem, “ROOTS na cama” e com requinte fora dela. Elegante para se vestir sem FICAR GAY, que domina uma roda de conversa e lidera sem fazer força, INTELIGENTE, INTRIGANTE, INSTÁVEL, CIUMENTO. HOMEM, que marca território quando está com um adversário e, acima de tudo isto FIEL -; aiaiai A FIDELIDADE... A TÃO SONHADA FIDELIDADE. TER O SEU HOMEM, LINDO DE MORRER, TODAS AS MULHERES SE MATARIAM POR ELE, SÓ QUE ELE SÓ QUER VOCÊ E PENSA EM VOCÊ O TEMPO TODO. Bingo... talvez esteja aí mais um grande ingrediente para o sucesso deste livro. Um romance que tem como princípio a FIDELIDADE NO RELACIONAMENTO. Para a mulher fidelidade está ligada a confiança. É isso que ditará o tipo de relacionamento que ela permitirá ter com o outro. As notas começam por esta escala e pode subir ou descer afinar ou desafinar, dependendo desta ligação de fidelidade. A fidelidade e um bom sexo (baunilha ou não) ainda permeiam o mundo feminino. Tudo pode ser perdoado e permitido, mas a FIDELIDADE é um” limite muito rígido para a mulher”.
Em suma, essa trilogia tem algumas receitas importantes para garantir os grandes pontos de audiência, num mundo tão competitivo. Tem homem LINDO, que não é gay, RICO, capaz de dar tudo o que uma mulher quer e muito mais, experiências sexuais maravilhosas, intrigantes, confortáveis e desconfortáveis, romance, adrenalina, EXCITAÇÃO, e fidelidade com confiança acima de tudo. Esta trilogia enfim, conta uma história de amor. O Romeu Christian Gray está disposto a dar seu reino e vida por sua amada em troca de tê-la por completo e o tempo todo. Uma história de amor entre dois mundos completamente diferentes. Dois ETS que se permitem habitar no outro mundo e acham uma conexão para se relacionarem e se apaixonarem perdidamente ao ponto de experimentarem um o mundo do outro no MÁXIMO DO SEU LIMITE RÍGIDO. Limites que nos permitem pensar sobre o SER HUMANO, seu mundo, sua criação, seus princípios e verdades que nos fazem seres humanos estranhos em mundos tão distintos, preconceituosos e julgadores. Mundos LINDOS E FEIOS, mas apenas mundos distintos.
E quem está certo? Qual mundo é o certo? O que é errado? Talvez a única pergunta que caiba é qual é o SEU LIMITE RÌGIDO -; o resto... É BOBAGEM...E ENCANAÇÃO .
DNA
Daíse Nascimento do Amaral
27/12/2012
01h58min
